O meu amigo espanhol
é um homem bem disposto,
mas o que o faz rir com gosto
é o caso do caracol.
Vem com essa brincadeira,
começa a rir e não pára...
É que nós somos vizinhos
mesmo junto da fronteira
(uma linha que separa
a Espanha de Portugal),
em casas com quintalinhos,
uma do lado de cá,
outra do lado de lá.
Ao fundo do meu quintal
e ao fundo do quintal dele
há um muro baixo... e é ele
que indica mesmo a fronteira.
Ora em cima do murinho
temos nós uma figueira
que é minha e do meu vizinho,
minha da parte de cá,
dele da parte de lá.
Como somos bons amigos,
não há nisso nenhum mal.
Quando a figueira dá figos,
cada um os seus apanha:
o espanhol figos de Espanha
e eu figos de Portugal.
Mas o engraçado é que há
um caracol na figueira,
e o pobre do animal
não sabe onde é a fronteira...
e anda de cá para lá
e anda de lá para cá.
O ignorante caracol,
seja em busca de alimento,
de namorada ou de Sol,
anda sempre em movimento,
entre Espanha e Portugal,
entre Portugal e Espanha,
sem respeitar a fronteira.
Nenhum de nós lhe faz mal,
nenhum de nós o apanha...
E agora, de cada vez
que o meu amigo espanhol
me vê, diz na brincadeira:
«Ó amigo português,
respeitemos a fronteira!
É preciso decidir
de quem é o caracol.»
E começa a rir, a rir,
cada vez mais bem disposto...
...e eu de cada vez mais gosto
do meu amigo espanhol!
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