Tuesday, December 15, 2009

Ser ou estar

Há quem diga que são sinónimos, que é o mesmo verbo. Um diz destes estava a pensar na diferença entre ser feliz e estar feliz. Ora, ser feliz é um estado mais consciente, é algo que sabemos que somos. Estar feliz é um estado que não se prolonga na consciência, é uma sensação temporária. Posto isto, desejo a todos que sejam e estejam felizes no próximo Natal!

Monday, November 16, 2009

É consoante(s)...

Enquanto a R. galopa pelo mundo fascinante das consoantes, o A. canta, canta, canta pela casa, extasiado com a possibilidade de cantar sozinho melodias inteiras.

Há uma música da "Dora, a exploradora" que eles têm ouvido. Há bocado, andava ele por aí "lá, lá, lá, lálá, vou tocar baratas...". Baratas? Ah, pois, é maracas...

Friday, November 6, 2009

Momento Farmville

Que culturas é que tenho de plantar para poder ir de fim-de-semana descansada? Ai, ai, para o que uma pessoa está guardada...

Friday, October 30, 2009

Doçaria às escondidas

Hoje, estava a fazer uma mousse para a festa de anos do A. Já tinha o chocolate derretido e comecei a partir os ovos, deitando as gemas no chocolate. Quando estava com a batedeira a começar a misturar as gemas, o A. veio pedir para me ajudar e perguntou o que é que eu estava a fazer. Quando lhe disse que estava a fazer mousse, ele perguntou: "E estás a esconder os ovos?"

Friday, October 23, 2009

Boas ideias

O projecto my charity: water mostra como, muitas vezes, basta uma boa ideia para mudar a vida de muita gente. Bem, basta uma boa ideia, a genica e os conhecimentos técnicos e pessoais para a por em prática e a boa vontade das muitas pessoas que contribuem. Mas não deixa de ser uma boa ideia. E não deixa de mudar a vida de muita gente. E não deixo de pensar que a maior parte das coisas boas que se fazem no mundo começaram assim e que muitas vezes gastamos demasiada energia humana onde não devemos, com tanta gente por aí capaz de ter boas ideias.

Sunday, October 18, 2009

Parabéns Pai!

Passámos um óptimo fim-de-semana em São Martinho e o ponto alto foi a festa de anos do avô. Agora que temos a nossa casinha linda e arranjada, é o melhor sítio para nos lembrarmos de como somos felizes. E os 64 anos do nosso pai são uma parte fundamental desta felicidade!

Tuesday, October 13, 2009

Diz o Saramago...


...na sua A Viagem do Elefante que "Têm razão os cépticos quando afirmam que a história da humanidade é uma interminável sucessão de ocasiões perdidas" (p. 223) e que "Se toda a gente fizesse o que pode, o mundo estaria com certeza melhor" (p. 255).

Ora, hoje a R. disse-me, enquanto o A. lhe moía a paciência, que agora é que via como devia ser bom ser filha única...

Mas, porque tenho a certezinha absoluta de que os irmãos nos fazem muito felizes e para fazer o que posso para não perder de todo esta ocasião: PARABÉNS ATRASADOS MANA!

Friday, October 2, 2009

Iniciação musical

O A. teve hoje a sua primeira aula de música na escola. Entrou no carro para ir para casa e o rádio estava ligado. Disse logo, muito contente, "Isto é um som musical?"

Monday, September 28, 2009

Suspiro de mãe!

A R. anda muito, muito contente nesta sua viagem pelo 1º ano. Um destes dias, perguntei-lhe se a professora iria ver, no dia seguinte, se os meninos tinham feito os trabalhos de casa. Ao que ela responde:

- Nããão. Se ela mandou toda a gente fez!

Wednesday, September 23, 2009

Por essas e por outras é que eu gosto tanto das dobragens portuguesas

O filme preferido do A., que agora vemos vezes sem conta, é o Cars. Há no filme duas personagens deliciosas, o Fillmore, uma carrinha pão-de-forma hippie e o Sarge, um Hummer todo dado à tropa, que têm uma relação de amizade assente nos mais absolutos opostos.

O meu momento preferido do filme é protagonizado por estes dois amigos. O Sarge acorda ao som de uma alvorada militar; ouve-se, em seguida, a música muito alta do Fillmore e o seguinte diálogo:

Sarge: - Desliga essa porcaria e vai ver se chove!
Fillmore: - Respeita os clássicos, man, é o Hendrix...

Está claro que estas duas frases agora servem para tudo cá em casa...

Monday, September 21, 2009

O factor de união

Quem anda de metro em Lisboa, conhece bem aquelas pessoas que são uma espécie de pedintes profissionais, que há muitos anos pedem diariamente no metro, na Baixa, nas estações. E há também os cauteleiros, que dizem a sua ladainha ("olha o 13, anda à roda, olha o 56), que por vezes se junta à de quem pede ("tenha a bondade de auxiliar...").

Pois hoje, estava eu no metro a ouvir o cauteleiro que, de pé atrás de mim, ia anunciando números, quando chega um cego a pedir, com as suas frases habituais. O engraçado é que, quando se cruzaram, se cumprimentaram, fizeram uma pausa e começaram a falar do jogo de hoje à noite. E está visto que ambos torcem pelo Sporting.

Thursday, September 17, 2009

Parabéns, Mãe!

E muito, muito, muito obrigada por existires e seres nossa mãe.

More than words

Um dia destes, no jardim ao pé da escola (que, por sinal, é um espaço onde se passam as mais estranhas e variadas coisas) ia a passar e ouvi as seguintes palavras, vindas de uma de três mulheres sentadas num banco:

"- Ela disse que não tinha nenhuma obrigação. Eu disse-lhe, não tens a obrigação mas tens o dever."

Este esmiuçar - como se diz agora - das palavras é uma coisa que me seduz sempre. Esta frase deu-me que pensar na viagem de metro para casa. Lembrei-me que, antigamente, se chamava "deveres" àquilo a que hoje se chama "trabalhos", como se fazê-los não fosse obrigatório, como se valorizássemos mais a execução de uma tarefa do que o imperativo moral de a fazer. Afinal, que satisfação podemos tirar de um trabalho? Não é melhor ter um dever cumprido?

E esta diferença entre obrigação e dever é interessante. Podem parecer sinónimos mas não são. Porque eu posso mesmo não ser obrigada a fazer uma coisa, ter a opção de me borrifar e virar costas, mas ainda assim ter o dever (moral, social) de a fazer. E, pelo menos segundo esta senhora (e eu inclino-me a concordar com ela), é muito mais grave fugir a um dever do que a uma obrigação.

Tuesday, June 30, 2009

Esmeros...

Estava a tomar café numa pastelaria aqui do bairro, quando reparo na frase impressa no papel com que embrulham os bolos: "Esmerado serviço de pastelaria".

Fiquei cá comigo a pensar que esta é uma palavra que está em desuso e que nos faz imensa falta. Queremos ser competitivos, competentes, produtivos, modernizados, motivados e sei lá mais o quê, mas o que é feito do esmero? Daquele esmero que está associado ao esforço de fazermos o melhor que sabemos, mesmo sem estarmos a ser competitivos (e eu acredito que, quando se faz o melhor que se sabe, isso acaba por acontecer)?

E deixo bem claro que não estou a falar do esmero de ter uma caligrafia perfeita, a custo de reguada, mas de uma coisa meio obscura chamada brio pessoal...

Wednesday, June 24, 2009

Surfistas e havaianas

É sempre com alguma alegria, misturada de incredulidade, que vejo chegar a silly season. Este ano, vimo-la chegar via festa de fim de ano da escola da R. Não é que o programa inclui a eleição do Surfista 2009 e da Miss Havaiana, a par com uma Beach Dance e com um dress code de "Roupa de verão gira e havaianas"?

Thursday, June 18, 2009

Chicken a la carte

Segundo diz neste pequeno filme, trata-se de uma história real. Ainda que seja encenada, dá muito que pensar, porque há por aí muitas histórias reais bem mais cruéis que a ficção.

É muito impressionante e muiot bem feito.
http://www.cultureunplugged.com/play/1081/Chicken-a-la-Carte

Sunday, June 7, 2009

Flor de Jacarandá

Quando chega o mês de Maio, entrando depois por Junho, estas árvores que parecem invisíveis durante o resto do ano surpreendem-nos em cantos e recantos de Lisboa, dando pinceladas de roxo à nossa vida. E eu não consigo ver uma que não me lembre da música do Vitorino. Isso quer dizer que passo o mês a cantarolar

"Flor do jacarandá
Cai, leve no passeio
Céu d´outro mar sonhado
Chão de anilado estio.
A florir, lá no mês de sonho tapete de voar
Nas luas de zefiro Estrada de santiago
Manda a... chuva de estrelinha, azul pavão
Brilha na noite V
ou de namorada, mão na mão
Perdi a escada para o céu Dos pardalinhos
Na ilusão da boa fada Toco na varinha de condão
Durmo na rua onde a..."

Wednesday, May 13, 2009

Enriqueça o seu vocabulário


Ontem, vinha com a R. da escola e ela vinha a contar-me a aula de ginástica:
- No jogo com as bolas, batíamos a bola com a mão dominante...
- O que é a mão dominante?
- É aquela que dá mais jeito. Tu não sabes palavras nenhumas...

Monday, May 11, 2009

Para que é que eu perguntei?

Descobri recentemente uma maneira de tomar café sem tirar os miúdos do carro, que é passar no McDrive e pedir a minha meiinha de leite na janelita. Já sei que é americanice e tal, mas não me interessa, eu nem sequer ando de carro, por isso de vez em quando, quando estou com pressa, dá imenso jeito.

Foi o que fizemos um dia destes e lá pedimos um café e uma meia de leite na janela. Quando chegámos à frente para recolher as bebidas, ouvi uma McRapariga dizer qualquer coisa para outra e perguntei ao J. o que é que ela tinha dito. Responde ele:

"Ó estúpida, não é assim que se faz uma meia de leite"

Thursday, May 7, 2009

Se podemos comunicar com o corpo

...para que é que precisamos de falar?

Foi o que a R. me perguntou hoje, quando vínhamos da Feira do Livro. E o que é que eu respondi? Sei lá, lá me desembrulhei com uma história sobre a evolução do homem e tal, ao que ela me respondeu "Ah, o G. (o primo) já rasteja, por isso é como o macaco a evoluir para o homem". Grande gargalhada que eu dei no metro!

Wednesday, May 6, 2009

Fame!

Hoje, para promover o NósPedalamos, estive com a madrinha da iniciativa (a Mafalda Arnauth) na Antena 3, a gravar uma parte do programa Nuno e Nando, com o Nuno Markl e o Fernando Alvim. Claro que a entrevistada era ela, eu só fornecia alguns pormenores técnicos, mas foi uma experiência muito gira. Já tenho representado o GEOTA na rádio e na televisão a falar de várias coisas, mas nunca num programa deste género, apresentado por pessoas da minha geração, cujo trabalho e carreira eu conheço bastante bem. E de quem gosto bastante, aliás.

O que foi mais estranho foi pensar que estavam ali duas pessoas que nunca me tinham visto, possivelmente nunca mais me vão ver, mas das quais eu sei imensas coisas. Suponho que é um bocado isso que define o que é ser famoso. Fiquei a achar que deve ser difícil lidar com o facto de se andar na rua e haver muita gente que conhece a nossa vida quotidiana. E daí, não sei, talvez seja reconfortante, como estar sempre numa rua de bairro...

Tuesday, May 5, 2009

Deve ser uma nova geração que anda aí...

Hoje fiz uns dez minutos de caminho a pé, mais ou menos lado a lado com dois rapazes (sendo que, tal como acontece com a minha idade, aquilo a que chamamos rapazes atinge uma faixa etária que vai esticando...) que iam para o emprego, algures no Parque das Nações.

E sobre que era a conversa? Sobre a hora de chegar ao trabalho, fulano chega a esta hora, beltrano chega à outra e sobre a roupa que se leva para ir trabalhar. Hoje está calor, trago camisa, ontem não estava, trazia não sei o quê... como parecia que eram colegas que até se conheciam bem e a conversa era tão de deitar fora, fiquei a pensar cá para mim: já não se fala de gajas nem de futebol?

Friday, April 24, 2009

25 de Abril, sempre!

Hoje estava a pensar no 25 de Abril e lembrei-me deste poema, que digo muitas vezes ao A. e à R. E pensei na liberdade de podermos ser cada um de nós e dizer sempre o que pensamos sem pressões de patrões, sem religiões, sem partidos - independentemente de podermos ser funcionários, religiosos ou filiados, se quisermos e pudermos. Pensei na liberdade de podermos ser verdadeiramente independentes. E acho que ainda não chegámos lá.

______________

Impressão Digital, António Gedeão

Os meus olhos são uns olhos.
E é com esses olhos uns
que eu vejo no mundo escolhos
onde outros, com outros olhos,
não vêem escolhos nenhuns.

Quem diz escolhos diz flores.
De tudo o mesmo se diz.
Onde uns vêem luto e dores
uns outros descobrem cores
do mais formoso matiz.

Nas ruas ou nas estradas
onde passa tanta gente,
uns vêem pedras pisadas,
mas outros gnomos e fadas
num halo resplandecente.

Inútil seguir vizinhos,
querer ser depois ou ser antes.
Cada um é seus caminhos.
Onde Sancho vê moinhos
D. Quixote vê gigantes.

Vê moinhos? São moinhos.
Vê gigantes? São gigantes.

Friday, April 17, 2009

Provas destas é que a PJ precisava

Nem de propósito, tinha eu acabado de escrever o último post e já o A. me tinha pintado a porta da cozinha com o marcador verde. Vai daí, pu-lo de castigo na cama. Fui para a cozinha lavar a porta e aparece a R.:
- Mamã, o A. saiu da cama!
- Saiu? Como é que ele saiu?
- Não sei, mas está aqui ele para provar!

Tenho um anjinho da guarda e dou-lhe muito trabalho

Frase dedicada ao A. e à R., depois de a ter ouvido numa música hoje.

Friday, March 27, 2009

Para a Tânia, que nos deixou hoje

CÃO

Cão passageiro, cão estrito,
cão rasteiro cor de luva amarela,
apara-lápis, fraldiqueiro,
cão liquefeito, cão estafado,
cão de gravata pendente,
cão de orelhas engomadas,
de remexido rabo ausente,
cão ululante, cão coruscante,
cão magro, tétrico, maldito,
a desfazer-se num ganido,
a refazer-se num latido,
cão disparado: cão aqui,
cão além, e sempre cão.
Cão marrado, preso a um fio de cheiro,
cão a esburgar o osso
essencial do dia a dia,
cão estouvado de alegria,
cão formal da poesia,
cão-soneto de ão-ão bem martelado,
cão moído de pancada
e condoído do dono,
cão: esfera do sono,
cão de pura invenção, cão pré-fabricado,
cão-espelho, cão-cinzeiro, cão-botija,
cão de olhos que afligem,
cão-problema...Sai depressa, ó cão, deste poema!

Alexandre O'NeillPoesias Completas. 1951-1986Lisboa, INCM, 1990 (3ª ed.)

Sunday, March 15, 2009

Coisas difíceis...

Hoje o jantar foi lombo de porco assado. Diz a R.: "Ah, esta é daquela carne que se mastiga, mastiga e nunca mais se dissolve..."

Wednesday, March 11, 2009

Mentirinhas - o vencedor é...

Venho então apresentar os resultados:

1 - Tenho fama de desastrada e de partir coisas. Por isso, aproveitei a fama, parti, uma vez, um dálmata de loiça em tamanho natural que a minha avó tinha em casa.

Mentira! Parti uma taça de sobremesa, que andava por lá há anos, já toda esbeirada e não desaparecia... cães de louça nunca por lá houve.

2 - Ainda no registo desastrado, choquei uma vez com a bicicleta contra o retrovisor de um carro estacionado. Apresentei-me ao domo como culpada e disse que só lhe pagava se ele me apresentasse a factura do espelho.

Verdade! Tinha aí uns dez anos. Apesar de os meus primos me dizerem para fugir, eu apresentei-me ao dono e disse que tinha sido eu e que pagava o arranjo. Mas depois ele disse que tinham sido 2000 escudos e eu pedi-lhe a factura como prova. Como ele não apresentou, nao paguei...

3 - Tenho óptimo ouvido e o meu sonho era ter aprendido a tocar harpa, mas a minha mãe dizia sempre que não cabia uma harpa cá em casa - só se eu saísse para ela entrar...

Mentira! Não tenho óptimo ouvido, nem nunca quis tocar harpa. Mas queria um piano e a minha mãe dizia, realmente, que se entrasse um piano, eu tinha de sair porque já nã tínhamos espaço.

4 - Não cheguei a tocar harpa, mas aprendi a tocar viola e a primeira vez que tive de tocar em palco, tropecei e espalhei-me ao comprido, ainda antes da actuação.

Verdade! Foi uma actuação e tanto.

5 - O meu meio de transporte preferido é o teleférico.

Verdade! Adoro andar de teleférico, acho fabuloso subir e descer montanhas.

6 - Já fui trabalhar com um sapato de cada cor.

Verdade! Um castanho e um verde. Só dei por isso a meio da manhã.

7 - Adoro longas conversas ao telefone com os amigos.

Mentira! Cada vez gosto menos de falar ao telefone.

8 - O meu sonho de criança era ser veterinária.

Verdade! Mas acho que o que me fascinava era a ideia de andar no campo, de um lado para o outro e não os animais, dos quais nem sequer gosto muito.

9 - Se a R. fosse um rapaz tinha-se chamado Evnor, nome de que gostava desde miúda, pela sonoridade medieval.

Mentira! Na verdade, quando era miúda, gostava do nome, mas a R., se fosse rapaz, teria sido Gil.

10 - Quando trabalhava no Bairro Alto, um dia recebi um ramo de flores em pleno Largo da Misericórdia, enquanto todos os operários de uma obra batiam palmas.

Verdade! Foi tão lindo!


A verncedora é a Billy. E agora, o que faço com o livro? Mando para Buenos Aires?

Tuesday, March 10, 2009

O condoninho da Renata

É um espectáculo este link, onde podemos acompanhar, em directo, a vida de um casal de cegonhas no ninho. Eu sei que é um pouco voyeurismo e que pode parecer enfadonho, mas experimentem e vejam como vale a pena.

Friday, March 6, 2009

Verdade ou consequência?

Bem, respondendo então ao desafio que veio de Buenos Aires, cá ficam 10 afirmações sobre a minha pessoa, 4 falsas e 6 verdadeiras. Quais são quais? Vá, opiniem!!! O prémio para o vencedor será... um livro registado no BookCrossing, que o vencedor terá de ler e partilhar.

1 - Tenho fama de desastrada e de partir coisas. Por isso, aproveitei a fama, parti, uma vez, um dálmata de loiça em tamanho natural que a minha avó tinha em casa.

2 - Ainda no registo desastrado, choquei uma vez com a bicicleta contra o retrovisor de um carro estacionado. Apresentei-me ao domo como culpada e disse que só lhe pagava se ele me apresentasse a factura do espelho.

3 - Tenho óptimo ouvido e o meu sonho era ter aprendido a tocar harpa, mas a minha mãe dizia sempre que não cabia uma harpa cá em casa - só se eu saísse para ela entrar...

4 - Não cheguei a tocar harpa, mas aprendi a tocar viola e a primeira vez que tive de tocar em palco, tropecei e espalhei-me ao comprido, ainda antes da actuação.

5 - O meu meio de transporte preferido é o teleférico.

6 - Já fui trabalhar com um sapato de cada cor.

7 - Adoro longas conversas ao telefone com os amigos.

8 - O meu sonho de criança era ser veterinária.

9 - Se a R. fosse um rapaz tinha-se chamado Evnor, nome de que gostava desde miúda, pela sonoridade medieval.

10 - Quando trabalhava no Bairro Alto, um dia recebi um ramo de flores em pleno Largo da Misericórdia, enquanto todos os operários de uma obra batiam palmas.

Thursday, March 5, 2009

O mundo aqui ao lado

Ao morrer, na semana passada, com 66 anos, José Mégre conhecia todos os países do mundo, à excepção do Iraque, no qual não lhe deram visto para entrar.

Este é o meu mapa-mundi, bem mais modesto, claro está:


visited 21 states (9.33%)
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Monday, March 2, 2009

Uauaua, obrigada J. e R.!

Onde é eu estive no Sábado passado, adivinhem lá? Estive a gozar a prenda de Natal dos meus queridos irmã e cunhado, no Opium day spa. Comecei por um Duche Vichy, que ADOREI. Haverá alguma coisa melhor do que estar deitada, com jactos de aguinha quente a percorrer o corpo (e os pés!), enquanto nos massajam? Se houver, só se for a massagem Hot stones, para onde me encaminhei logo de seguida, que se pode descrever como uma hora de conforto e prazer e relaxamento e... na realidade, acho que não se consegue muito bem descrever, só mesmo sentindo.

O spa era longe, no fim do IC19, mas valia muito a pena, porque as instalações são novas e impecáveis e o atendimento de grande simpatia e qualidade. Foram duas horinhas muito bem passadas, lá isso foram. Muito obrigada, meus queridos, Deus vos pague e abençoe.

Monday, January 26, 2009

Ele há coisas...

Hoje, na escola da R. levantou-se um enorme mistério, tão grande que ela e as colegas tiveram de chamar a educadora para o resolver: como é que a fada dos dentinhos descobriu que tinha caído um dente à R. e lhe pôs o livro da Bruxa Esbrenhuxa debaixo da almofada se ela engoliu o dente e não tinha nada para lá pôr?

O que vale é que a São tem muuuitos anos de experiência e arranjou logo ali uma solução mágica, que até metia radiografias e tudo! Viva a fada dos dentinhos (e a São)!

Trabalhinhos III


Aqui fica a prenda que fiz para a minha mana, no Natal.

Wednesday, January 21, 2009

Portugal continua nos melhores do mundo


No que diz respeito à taxa de mortalidade infantil, Portugal está hoje entre os melhores países do mundo, com 4 mortes por mil nascimentos, que é o segundo melhor número, a seguir a um grupo de seis países que têm 3 em mil. Se pensarmos que, em 1960, esse número era de 77,5 mortes em mil, acho que temos muito de que nos orgulhar. Agora, tal como diz neste artigo, há ainda que humanizar um pouco mais os hospitais. Não podia concordar mais com o que é dito quanto aos partos em casa, não acho que seja por aí o caminho. Como ja ouvi dizer, há países "civilizados", como o Reino Unido, que os incentivam, porque o Estado poupa com isso (e que têm mortalidades infantis superiores à nossa). Eu prefiro que, pelo menos nisto, não se poupe.

O relatório da UNICEF de 2009 está aqui. Claro que é impossível lê-lo sem ver os números terríveis dos países africanos ou de sítios como o Afeganistão. Eu acho especialmente triste ver os dados dos países de expressão portuguesa, porque mostram muito bem que a herança que deixámos não foi das melhores e que, enquanto nós por aqui melhoramos a olhos vistos, eles nem por isso. Dirão que a responsabilidade já não é nossa. Não? Não sei...

De qualquer forma, os números da UNICEF, a nível mundial, são encorajadores. Ainda bem, mas há tanto por fazer ainda...

Wednesday, January 14, 2009

A última flor, de James Thurber

Ao ouvir a notícias de Gaza, nas últimas semanas, mais uma vez lembrei-me deste livro, que os meus pais tinham (e que eu surripiei quando vim para minha casa - juntamente com a Obra Poética do David Mourão Ferreira, e o Pavarotti a cantar o Ave Maria de Schubert; há coisas que devem andar sempre connosco). Finalmente, alguém o pôs no youtube. Está aqui.

Wednesday, January 7, 2009

Se todos desejarmos um bocadinho, quem sabe...

Umas das poucas pessoas que conheço pessoalmente do Bookcrossing é a Tânia, a Snowshoee. A Tânia sofre de uma insuficiência cardíaca, que se tem vindo a agravar, e está neste momento à espera de um transplante de coração, com muita, muita urgência.

Porque tem 26 anos, porque a vida nem sempre é justa, porque tem sido muito corajosa, porque é uma situação que nenhum de nós pode imaginar, a onda de solidariedade que se gerou, quer em Portugal, quer nos bookcrossers do mundo inteiro é enorme.

Há, neste momento, velas reais e virtuais, preces e desejos em todo o mundo, como podemos ver neste blogue. A sensação de impotência perante tamanha tragédia pessoal é enorme, neste mundo onde parece que tudo pode ter solução, desde que haja vontade. Mas, neste caso, parece realmente não haver nada a fazer, a não ser esperar um milagre. Assim fazemos.

Sunday, January 4, 2009

Planisfério pessoal, de Gonçalo Cadilhe

Tal como os livros anteriores do Gonçalo Cadilhe que tinha lido (A lua pode esperar e, sobretudo, África acima) este livro causou-me uma impressão muito forte e vários tipos de sentimentos.

Tal como os anteriores, li-o de uma assentada, perdendo horas de sono, o que quer dizer que dei a volta ao mundo numa noite (o que talvez não agradasse muito ao autor, assim como facto de o ter lido através do bookcrossing, que ele - que não consegue cortar o cordão umbilical com os seus livros - considera "uma promiscuidade irresponsável").

Comecei a gostar do livro ainda antes de o ler, porque acho o título muito bonito. A palavra pessoal (como no programa da TSF Pessoal e Transmissível e não como em "Vou beber um copo ao Bairro Alto, com o pessoal") lembra-me que todos somos únicos, mas não necessariamente individualistas. Depois, entrei na vertigem de uma volta ao mundo que o autor traçou pelos caminhos menos convencionais, atravessando alguns dos países mais pobres e mais miseráveis do mundo (porque ser pobre e ser miserável não é bem a mesma coisa, e o fundo da escada é quando as duas coisas se fundem) não procurando necessariamente os pontos turísticos, mas sem fugir deliberadamente deles.

E aqui dividem-se a minhas emoções. Se a aventura me seduz (consigo mesmo, por vezes, encontrar alguns paralelismos com o meu próprio planisfério pessoal, que, não tendo qualquer comparação com o do Gonçalo Cadilhe, tem alguns momentos interessantes, como uma viagem nocturna de comboio entre Moscovo e São Petesburgo), deprime-me sempre imaginar aldeias em que as crianças fabricam armas e cultivam ópio depois da escola.

Roubar dignidade à infância e à velhice são infâmias que não devíamos permitir (penso nisto enquanto a R. se pendura no meu pescoço durante um momento mais assustador d'"A Bela e o Mostro", que longe que está o mundo daqui de casa).

Mas por isso, também, gosto dos livros de Gonçalo Cadilhe e gostava que ele escrevesse mesmo livros, e não apenas publicações das crónicas semanais, que deixam tanto por dizer; gosto porque ele vai ao encontro de pessoas que semeiam projectos de esperança, como a escola informal na Nicarágua ou o hotel que alimenta crianças, no Peru.

E tudo isto está tão longe e , ao mesmo tempo, tão perto das multidões de turistas que coleccionam carimbos de passaporte, experiências pré-fabricada, a ver por ver, sem ver.


Recordei-me do choque que senti ao chegar ao Mont Saint-Michel ou ao Sacré Coeur, onde hordas de turistas de acotovelavam e do prazer que era estar na Fraguinha, ou na pousada de juventude no ponto onde a Noruega, a Finlândia e a Suécia se encontram e, realmente, a escolha é fácil (embora todas sejam experiências ricas).

E, já agora, Gonçalo Cadilhe, eu acho que o tal trekking, ou wanderung, se pode muito bem dizer em português "caminhar", que é um verbo que por cá anda há bastante tempo. A forma de o fazer é diferente, realmente, porque - entre nós - só há pouco tempo caminhar é associado ao lazer e à saúde. Até há uns anos atrás, a maior parte dos portugueses não fazia outra coisa: caminhava para o trabalho (a muitos quilómetros, por vezes), para a escola, para casa. E caminhar era sinónimo de pobreza, de não ter outro meio de transporte, que poucos tinham (e esses não caminhavam, passeavam, no jardim, ao Domingo). Agora, que - para o bem e para o mal - o transporte individual se democratizou, já podemos voltar a caminhar tranquilos.

Ena, onde eu cheguei neste planisfério...