Tuesday, November 20, 2012

De maneiras que é assim

A minha amiga F tem uma parceria num blogue de tudo e nada. E como esses é que são bons, aqui fica o link: http://demaneirasqueeassim.blogs.sapo.pt/22212.html

Monday, November 12, 2012

Ao sul e ao norte



Aqui esta vossa amiga ganhou este ano (pela segunda vez consecutiva, ah pois foi :-)) o prémio do conto infantil do concurso de contos da Convenção de Bookcrossing. E não o digo (só) para me gabar, mas porque hoje ele vem MESMO a propósito e por isso o transcrevo aqui. Ora adivinhem lá quem inspirou as personagens...




PRINCESAS DO SUL E DO NORTE


Era uma vez um reino distante e sossegado, onde a vida avançava sem grandes sobressaltos (bem, havia alguns, mas os livros de história esqueciam-se deles com frequência) e – segundo vinha nos tais livros - o povo, os nobres, o clero e os comerciantes viviam em paz. Nos últimos tempos, também havia outras profissões, como banqueiros e informáticos, mas os livros de história esqueciam-se sempre deles.
Nesse reino, reinava – como é bom de ver – um rei. Era um rei bom (menos mau, diziam algumas línguas maldosas), que fazia o que podia para agradar a gregos e a troianos, que é como quem diz agradar aos povos do Norte e do Sul e aos seus ministros e conselheiros que, ultimamente, lhe davam valentes dores de cabeça. Mas enfim, puxando daqui, empurrando dacolá, o rei lá ia conseguindo a harmonia desejada. É verdade que, às vezes, vinham nos jornais umas histórias menos felizes, mas o rei fazia de conta que se esquecia delas.
Ora, o rei, além do reino, do povo, dos ministros, dos nobres, do clero, dos comerciantes, dos banqueiros e dos informáticos, tinha também duas filhas, as princesas Ângela e Patrícia. Os ministros tinham dito que Ângela e Patrícia não eram nomes de princesas, mas a rainha – que habitualmente se esquecia de tudo menos das suas aias e vestidos – dessa vez fora inflexível. Desde pequena que dizia que, se tivesse filhas, se iriam chamar Ângela, em homenagem a uma personagem de uma fotonovela da sua infância, e Patrícia, o nome de uma amiga da escola primária. E Ângela e Patrícia ficaram.
As princesas eram tão diferentes como duas gotas de água e azeite. Ângela sabia sempre o que queria e a que horas e não ficava satisfeita enquanto não tivesse todos os que a rodeavam a trabalhar para ela (e achava sempre que os coitados trabalhavam pouco). Patrícia nem sempre sabia o que queria, embora soubesse sempre o que não queria, e gostava de trabalhar, mas também gostava de se esticar ao comprido na relva do palácio, depois de um belo ensopado de borrego a – como ela dizia – “viver um bocadinho” (Ângela nunca almoçava, comia uma sanduíche de queijo enquanto vigiava as suas aias, para ter a certeza de que todas cumpriam – à hora certa – as ordens que lhes dava).
As duas irmãs cresceram fortes e saudáveis, mas cada vez mais diferentes. O rei, que se preocupava com estas duas filhas com personalidades tão opostas, e percebendo que não seriam capazes de partilhar o mesmo reino, casou-as com dois príncipes bons e generosos, mandou fazer obras em dois dos seus palácios e deu a cada princesa uma parte do seu reino: a Patrícia, as terras do Norte e a Ângela as terras do Sul. Pensou o rei, ajudado pelos seus ministros e conselheiros, que, sendo Ângela tão trabalhadora e pontual, seria uma boa rainha para os povos do Sul, já que estes eram conhecidos por serem preguiçosos e se atrasarem sempre para tudo. E, de facto, assim foi. De igual forma, pensou que aos povos do Norte, sempre cumpridores, pontuais e pouco sorridentes, conviria uma rainha que soubesse apreciar as coisas boas da vida com um sorriso nos lábios. E assim foi.
O problema é que Ângela nunca estava contente. Queria sempre mais. Mais impostos, mais súbditos, mais terras, mais palácios. E o pai, julgando fazer-lhe bem, dava-lhe tudo o que ela pedia.
Até certo dia.
Nesse dia, havia uma festa de inauguração do mais recente palácio de Ângela (o maior e mais luxuoso que se tinha visto por aquelas paragens). A princesa vagueava de sala em sala, procurando (e achando) defeitos em tudo – era a obra que estava atrasada, era o chão que não estava como ela queria, era a casa de banho… quando chegou à casa de banho, Ângela deu um grito:
- NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃO!
- O que foi, filha? – perguntou o rei, julgando que lhe estava a dar qualquer coisinha má.
- Não estão cá as torneiras que eu escolhi – gemia e gritava Ângela – e eu quero TUDO, TUDO, TUDO como eu mando.
Foi nessa altura que o rei (um homem tão calmo que já ninguém se lembrava da última vez que se tinha exaltado) olhou para a filha e a viu feia, tão feia, tão feia, à luz de um esplendoroso sol de fim de tarde, que agarrou a barba com toda a força (o ministro, que estava ao seu lado, diria mais tarde que pensou que ele a ia arrancar), encheu o peito de ar e gritou com voz de trovão:
- ACABOU! Quem tudo, tudo, tudo quer – já dizia a minha avó, a rainha Pulquéria Belarmina – tudo, tudo, tudo perde. Ângela, vai imediatamente para o palácio do Norte, onde vive a tua irmã, e diz-lhe que venha ela tomar conta das terras do Sul! O ministro ainda abriu a boca para dizer que talvez não fosse uma decisão prudente, mas lembrou-se a tempo de que um rei de cabeça perdida pode dar ordens imprevisíveis e, não fosse ele mandá-lo também para as terras frias, tristes e pontuais do Norte, fechou-a mesmo a tempo.
E foi assim que a princesa Patrícia, rumou com grande alegria às terras do Sul. Embora, como seria de esperar nela, se tivesse habituado às brumas e à pontualidade nórdicas com um sorriso, percebeu, assim que chegou e foi recebida com um belo ensopado de borrego, que estava fartinha de almoçar sanduíches de queijo (mesmo sendo servidas à hora certa) e abraçou o seu novo reino com o entusiasmo que sempre punha nas coisas boas da vida.
Quanto à princesa Ângela, os livros de história não contam exactamente o que lhe aconteceu. Mas os mais velhos falam ainda hoje de uma princesa que desenvolveu muito o reino do Norte, pondo todos a trabalhar com afinco, mas que todos os dias, exactamente à uma e trinta e cinco da tarde (depois de almoçar uma sanduíche de queijo), se fechava nos seus aposentos a chorar com saudades do cheiro a sardinhas assadas servidas à beira das praias do Sul. Chorava, chorava, chorava. Mas só até à uma e quarenta e dois. À um quarto para as duas recomeçava a reinar.

FIM

Wednesday, October 10, 2012

Agora é que é dar à sola...

Ao abrigo da minha dieta em vigor, ando a tentar ignorar elevadores e escadas rolantes, o que me faz por vezes reparar em coisas que nunca tinha visto antes.

Foi assim que, hoje, reparei que é proibido andar com solas de borracha nas escadas rolantes do metro. Como diria o Peça, "e esta, hein?". Quantas pessoas cumprirão o requisito da tradicional sola de couro? Até porque, é sabido, as solas de borracha têm causado inúmeros e mortíferos acidentes nestas maquinetas do inferno! Será que já chegámos ao extremo da parvoíce, com medo de processos de tribunal?

Friday, September 7, 2012

O estado (Novo?) dos manuais do séc. XXI

Os meus amigos aqui presentes sabem bem que eu sou pessoa de feitio conciliador, que normalmente não fico enraivecida com facilidade.

Desde que cheguei de férias que tento encarar com bom feitio e bom senso todas as más notícias que me vão chegando. E não têm sido poucas. Até agora, tenho conseguido levar a coisa com alguma calma.

Mas eis que me ponho a ver os manuais dos miúdos, que vão para o 1º e 4º ano. Ensino básico, portanto. Ora, eu defendo com unhas e dentes que é nestes anos que se aprende aquilo que de mais importante a escola nos pode dar: aprender a ler, a escrever, a contar, a pensar e a gostar de aprender. Sei que nem toda a gente concorda comigo, mas acho que consigo garantir que miúdo que se pense, que goste de saber mais e que consiga expressar claramente o que quer tem enormes vantagens para toda a vida. Já para não falar de momentos felizes de aprendizagem e - porque não? - de realização pessoal (já sei, já sei, há vida para além da escola, mas é também dela que estou a falar).

Voltando então ao tal ensino (do) básico, tenho achado, até agora, que os programas e manuais que a R. tem tido são adequados a tudo o que se disse anteriormente. Infelizmente, este ano não acontece o mesmo. Os manuais do A., que até têm palavras mágicas no nome, de mágico não têm nada. Chateia-me em especial o de português, mas são todos muito feios, cinzentões, em suma, nada apelativos para miúdos de 6 anos. É certo que os meninos do manual jã não se chamam todos manuéis e margaridas e passámos a ter yuris e lings. Mas a tentativa de ligação à realidade acaba aí.

Atenção que não estou a discutir o programa nem mesmo os conteúdos. Estou mesmo a falar da forma como eles são apresentados. Já se sabe que a escola é uma coisa muuuuito séria, que este ministro não é para brincadeiras, mas garanto-vos que a matemática se aprende melhor "a brincar"...

E havia necessidade de a autora do livro de português ter tantos textos da sua lavra? Não haverá literatura portuguesa que se possa adequar?

E, a cereja no topo do bolo, como é que miúdos que crescem a ver animadores e ilustradores maravilhosos (em filmes e livros cada vez melhores) podem criar algum tipo de empatia com ilustrações tão pobres? Já sei, a escola é uma coisa séria. Mas como é que lhes querem pedir que daqui a uns anos sejam inovadores e criativos (e produtivos e sei lá que mais) quando os estímulos são tão pobrezinhos? E porquê desinvestir agora, quando se faziam já coisas muito melhores? Em que pensam as editoras, com tantos, tão bons e tão premiados designers que nós temos?


Enfim, um nunca acabar de falta de bom senso (já para não falar do deitar para o lixo décadas de ensinamentos, de escola moderna, de bom trabalho). E o pior é que o mundo continua a girar e é só ver o que se passa, por exemplo, no mundo do e-learning para perceber que não é assim - de certeza - que se cria uma sociedade mais rica, mais culta, mais capaz.

Fica-me apenas um consolo. O de que as professoras da escola são maravilhosas, competentes, excelentes e tentaram escolher os manuais menos maus e que os vão completar com tudo aquilo que for possível, como já é hábito. Porque, caramba, o que fica é o que eles gostaram mesmo de aprender.




 

Friday, June 8, 2012

O post sobre o Euro

Ninguém pensou que este post era sobre a moeda única, pois não? Claro que não. Por estes dias - e face a notícias muito mais importantes, como a marca da pasta de dentes da seleção - todos os blogues falam de futebol. E como este mais do que modesto estaminé não quer ser exceção, vamos lá então falar do Euro 2012.

É sabido que eu gosto de futebol. É uma das minhas muitas camadas, sou benfiquista desde que me lembro de falar, tenho orgulho de ter ido ao estádio da Luz receber o anel de platina a que eu meu avô, depois de 75 anos de sócio, teve direito e ficou célebre (lá na rua, pelo menos) o meu comentário quando o meu avô me levou ao circo, tinha eu aí uns cinco anos, de que antes queria ir ao futebol. E ia mesmo, de bandeira e tudo. Foi assim que vi jogar os grandes craques dos anos oitenta e que ainda vi o Eusébio marcar uns golos, num jogo de veteranos.

Com o passar dos anos, no entanto, tenho perdido o interesse  por aquilo que se passa nas equipas e nos campeonatos nacionais, seja os daqui seja os dos países onde as "nossas" lusitanas estrelas ofuscam. Não tenho paciência para as tricas de clubes e abomino os criminosos (com cadastro e tudo) que lideram claques e transformam o apoio a um clube numa modalidade de crime organizado. E tudo isto podia aborrecer-me, mas não de impedir de apreciar os jogos. No entanto, os jogos não andam assim tão interessantes.

Exceto quando chegam os europeus e os mundiais. Claro que já ninguém acha que o futebol é só um desporto, mas talvez por serem montras de loja, onde os jogadores tentam assegurar o seu futuro, talvez por serem realmente os melhores jogadores que ali estão, talvez ainda por ser realmente diferente representar um país e não um clube, os europeus e mundiais têm realmente jogos que merece a pena ver. Com a vantagem de que só nos maçamos com isso de dois em dois anos.

Como já vai longo o preâmbulo, vou direta ao que me traz aqui. Gosto de futebol e vou acompanhar com entusiasmo o europeu. Mas, ainda ele não começou e já estou farta de uma parte dele: das notícias inúteis, das previsões ridículas (prognósticos só no fim, meus amigos, já foi dito com toda a propriedade) e - mais do que tudo - dos comentários que circulam na televisão e na net.

Há duas coisas que me incomodam particularmente:

1) É impressão minha ou todas as notícias que se ouvem sobre a Ucrânia são xenófobas ou, no mínimo, bastante desagradáveis? Ele é a prostituição como principal atividade, ele é a inflação provocada pelo Euro, ele são (juro que ouvi esta há bocado) os autocarros que são muito antigos e os candeeiros dos parques de estacionamento que ainda não estão postos...

2) A segunda questão é que não podemos perder. Mas também não podemos ganhar. Se perdemos, é porque temos a mania, porque embandeiramos em arco e depois morremos na praia, porque os jogadores são uns meninos mimados, que nós apaparicamos. Se ganhamos é o futebol que é o ópio do povo, ainda vai ser feriado, ninguém trabalha quando se ganha, etc. 

Ora bem, a minha opinião é só uma e vale o que vale,mas aproveito a liberdade da blogosfera para informar que:


1) A Ucrânia é um país como os outros. Tem coisas boas, coisas más, gente boa e gente menos boa. E é muito feio aumentar a nossa auto-estima rebaixando os outros. E é mesmo muito feio a comunicação social, que tem responsabilidades de informação, insistir neste género de comentários.


2) Gosto de ver Portugal ganhar. Mas quando um ganha, há outro que perde e não se ganha sempre. Alguns não ganham nunca, ou ganham poucas vezes. E, pela parte que me toca, nunca apapariquei nenhum jogador nem me parece que uma eventual vitória me possa fazer deixar de trabalhar nem distrair de outras coisas. Mas ficaria contente, como fico quando um atleta português sai medalhado nos olímpicos. Porquê? Porque é o meu país e gosto de o ver ganhar. É só isto. A mim, parece-me simples. 





 

Tuesday, June 5, 2012

Trouxe o A. da escola - poesia quentinha

O sol é uma bola amarela
que gosta das rosas
que gosta do mar
e da primeira andorinha que passa a voar.

O sol gosta de mim
o sol gosta de ti
o sol gosta de todos os meninos
que vê a brincar.

Tuesday, May 15, 2012

Dia de homenagem e de sabermos quem somos


"I hate a song that makes you think that you are not any good. I hate a song that makes you think that you are just born to lose. Bound to lose. No good to nobody. No good for nothing. Because you are too old or too young or too fat or too slim too ugly or too this or too that. Songs that run you down or poke fun at you on account of your bad luck or hard traveling. ... I am out to fight those songs to my very last breath of air and my last drop of blood.

I am out to sing songs that will prove to you that this is your world and that if it has hit you pretty hard and knocked you for a dozen loops, no matter what color, what size you are, how you are built, I am out to sing the songs that make you take pride in yourself and in your work.

And the songs that I sing are made up for the most part by all sorts of folks just about like you. I could hire out to the other side, the big money side, and get several dollars every week just to quit singing my own kind of songs and to sing the kind that knock you down still farther and the ones that poke fun at you even more and the ones that make you think you've not any sense at all. But I decided a long time ago that I'd starve to death before I'd sing any such songs as that. The radio waves and your movies and your jukeboxes and your songbooks are already loaded down and running over with such no good songs as that anyhow. "


Não sei a data certa desta citação de Woody Guthrie, mas tem seguramente  mais de meia centena de anos. Este é o ano do centenário do seu nascimento e muitas das batalhas que travou estão longe de estar ganhas. Outras novas surgiram, entretanto. Sempre admirei este cantautor, que trilhou um caminho muito próprio, sem se deslumbrar com as luzes da ribalta, sem perder o sentido crítico. Porque, apesar de tudo e de algumas aparências, há sempre quem não se venda. Porque, como Guthrie dizia na canção "This land is your land" (aqui cantada pelo Springsteen):


"Nobody livin' can ever stop me
'Cause I go walkin' down freedom highway
Nobody livin' can make me turn back
This land was made for you and me."


E é mesmo. E não vamos voltar atrás! Grande Woody, obrigada pela música que tocas no meu subconsciente nas batalhas do dia-a-dia!


Monday, April 16, 2012

Mudam-se os tempos...

Dois jovens namorados, aí de 20 anos, no metro. E diz ele:

- A minha avó é que anda a fazer umas coisas muito giras. São uma coisas para os guardanapos, em crochet. Ela, agora, já não consegue andar, mas as mãos estão boas. Por isso, faz imenso crochet, e tem feito umas coisas muito giras. Fez um branco e amarelo... queres que te faça um porta-chaves como aquele que tu tinhas, com um coração? Eu já lhe disse que, quando for para o Algarve, levo os que ela fizer e vendo lá numa banca, a dois euros. Muito giras as coisas que ela faz.

Este diálogo, garanto-vos, era altamente improvável quando eu tinha 20 anos, impossível quando a minha mãe tinha 20 anos e motivo de internamento quando a minha avó tinha 20 anos. E gostei de presenciar esta mudança :-).

Wednesday, March 21, 2012

Sou portuguesa, aqui

Sou portuguesa aqui, como tão bem disse o José Fanha.

Sou portuguesa de esquerda, sempre fui. Dou um imenso valor a ter crescido neste país e neste tempo, a ser mulher e poder escolher a minha profissão, andar na universidade, sair do país se quiser (sem autorização escrita do marido) e educar os meus filhos para dizerem sempre o que pensam.

Lembro muitas vezes o meu avô Z., que - com políticas ou sem elas - dizia sempre o que pensava. E o meu avô Q., que até aos 94 anos, viveu a vida segundo princípios de compreensão, calma e tolerância. Ambos nasceram e cresceram num Portugal que, felizmente, já não existe. E, também eles, foram portugueses aqui.

Sou portuguesa aqui, num aqui que - há que ser justa - me tem sempre sorrido. Em parte por sorte, em parte porque para isso me esforço muito, em parte porque lhe sorrio sempre de volta.

Como todos os portugueses de aqui, tenho hoje motivos de revolta, de preocupação, de gestão do dinheiro para sobreviver. Como (quase) todos quero uma justiça melhor, mais igualdade de oportunidades, menos tachos e menos escândalos políticos e financeiros. E não quero o FMI, os rankings e outros países a mandar na minha vida.

Mas não acredito que fazer greve amanhã ajude a resolver qualquer um destes problemas. Para mim, uma greve faz-se para negociar algo concreto e não para mostrar insatisfação. Mas isto é para mim. Respeito todos aqueles que não pensam como eu e que acham que esta ainda pode ser uma forma de luta.

Agora o que já me parece inadmissível é que haja cartazes espalhados pela cidade a incitar veladamente à violência, ao piquete para impedir quem decide livremente trabalhar de o fazer. Ainda por cima, cartazes supostamente "de esquerda". Onde está esta esquerda nos dias de eleições?

O meu Portugal e a minha liberdade não são estas. Desejo por isso um óptimo dia de greve a quem decidir fazê-la e um óptimo dia de trabalho a quem decidir não se calar trabalhando.

Monday, March 19, 2012

Dia do pai

Pai só há um. E o meu (nosso) é único e especial.
E tem-nos ensinado muitas coisas, desde sempre.
Tantas que não cabem num post de blogue.
Mas a música em baixo relembra-nos de três das mais importantes:

Que cada qual é que escolhe o seu caminho.
Que é melhor termos um nosso do que andar à deriva da maré.
E que, se perdermos a direcção, podemos sempre contar contigo e
com tudo aquilo que nos ensinas.

Obrigada, pai.


Senta-te aí (para ouvir aqui)

Está na hora de ouvires o teu pai
Puxa para ti essa cadeira
Cada qual é que escolhe aonde vai
Hora-a-hora e durante a vida inteira
Podes ter uma luta que é só tua
Ou então ir e vir com as marés
Se perderes a direcção da Lua
Olha a sombra que tens colada aos pés
Estou cansado.
Aceita o testemunho
Não tenho o teu caminho pra escrever
Tens de ser tu, com o teu próprio punho
Era isto o que te queria dizer
Sou uma metade do que era
Com mais outro tanto de cidade
Vou-me embora que o coração não espera
À procura da mais velha metade

Rio Grande (letra de João Monge)

Thursday, March 8, 2012

Alegrias :-)

Ontem, estava prestes a começar uma reunião de trabalho, esperava enquanto a pessoa que eu ia reunir terminasse um telefonema, quando toca o meu telemóvel. Era a R. E o que me queria? Dizer que a sua filha, de 9 anos, me tinha escolhido para madrinha. Na realidade, ela tinha pensado noutra pessoa, uma amiga de longa data que seria a madrinha das duas filhas. Mas eis que ela pergunta se não posso ser eu.

E foi assim que ganhei uma afilhada e comecei o dia com uma alegria interior que só visto :-).

Friday, February 24, 2012

É uma boa pergunta...

a que se faz nesta TED Talk. Se fossemos nós a escrever o livro da nossa vida, que capítulos escreveríamos? Pela parte que me toca, eu prefiro não ler nem escrever muito para a frente. Chega-me gostar de reler os capítulos que estão para trás e ir escrevendo os próximos, à medida que vou avançando na história. É que durante a nossa vida vamos também lendo outras histórias, nas quais nos inspiramos para ir escrevendo a nossa :-). E se é certo que algumas decisões do enredo parecem estar nas nossas mãos, muitas outras são (boas ou más) surpresas, escritas por outras mãos, às quais a nossa história tem de se adaptar.

Bom fim-de-semana!

Thursday, February 16, 2012

+ partilha, - dinheiro, + felicidade, - stress

Ora aqui está uma experiência muito interessante. Claro que é apenas um caso isolado, de uma pessoa que mora sozinha, e que talvez não possa ser transponível na sua totalidade para a vida de todos nós. No entanto, partilho firmemente do princípio. Já está provado que trabalhar cada vez mais e ter cada vez menos disponibilidade para os outros (e para nós) não é a receita para a felicidade. Dar e receber, como dizia o Variações, devia ser a nossa forma de viver. E, ainda que não me pareça uma solução mágica para todos os problemas, pode ser uma possibilidade para resolver alguns. Curiosamente, nos últimos meses tenho feito algumas experiências de trocas bem engraçadas, e é muito giro ver o retorno que elas nos trazem.

Friday, February 10, 2012

Muros e diques que nos prendem

Nunca gostei muito desta música quando era cantada pelos seus autores Pink Floyd, mas hoje ao ouvir a versão dos Pearl Jam, de repente, fez-se um sentido qualquer tortuoso na minha mente, misturado com o "Ai Portugal, Portugal", do Jorge Palma. Estamos com medo de quê, afinal? Precisamos assim tanto de um país que nos proteja? Não seria melhor um que nos preparasse para o que desse e viesse e nos ajudasse a ir à luta? Será que é desta que rompemos o ciclo?

Enfim, é sexta-feira :-)

Thursday, February 9, 2012

Grande dia e dia em grande

Hoje foi um óptimo dia. Começou com inquéritos de rua, em bela companhia, com solinho e transeuntes muito simpáticos. Continuou com um encontro com o Miguel e a Mariana, que só me deram boas notícias e tinham um brilhozinho nos olhos de quem tem 20 anos e está apaixonado. E terminou com uma entrevista ao Arq. Manuel Vicente, um privilégio, um prazer e uma alegria de ouvir a experiência de uma vida, aliada a uma eloquência invejável e a um inconformismo crítico e refrescante.

Muito obrigada!

Friday, February 3, 2012

A febre das notícias da noite

Ex.mos senhores jornalistas,
Serve este post para vos recordar que estas temperaturas são normais no Inverno. Sobretudo porque parece que até só vão durar dois dias e depois regressaremos aos 15 graus de máxima, em Lisboa, o que é - pode dizer-se - uma maravilhosa temperatura para esta estação.
Desta forma, agradecemos que não subam a temperatura das notícias sobre o tempo, porque não vale mesmo a pena.
Atentamente,
fungaga

Wednesday, February 1, 2012

Discriminações...

A minha amiga Billy, neste estaminé aqui ao lado tem contado algumas histórias panamenhas de novos e velhos estilos de discriminar quem tenta levar a vida para a frente o melhor que pode.

Ora, nem de propósito, um destes dias passava eu por uma escola profissional que fica para os meus lados, quando ouço a seguinte frase vinda da boca de um dos jovens alunos "é que se vais à pneumologia e dizes que és fumador, és logo discriminado!".

E pronto, já não se pode ter um vício tão salutar como fumar que se é logo tratado como tendo um vício pouco salutar, no preciso sítio onde se tratam pessoas que ficam doentes (ou pior) por causa dele... estes sim, deviam ir em elevadores separados, para verem o que é bom para a tosse (ou catarro, neste caso).