Tuesday, February 27, 2007

Pelo menos a miúda não tem falta de auto-estima

"O meu nome é MG
tenho muitos amigos
e todos me adoram.
Os meus pais não percebem
que uma filha como eu
foi a melhor coisa
que lhes aconteceu."

Esta é a letra do genérico dos desenhos animados MG - Miúda Gira (só o nome...). Isto é que é pôr as expectativas dos miúdos a um nível realista, hein?

Monday, February 26, 2007

O feitiço do tempo

Estou a reler um livro que li há 20 anos atrás, chamado Momo, do mesmo autor de História Interminável, Michael Ende. Curiosamente, praticamente não me lembro do livro, cuja história gira em torno da forma como gerimos o nosso tempo nos dias de hoje, se a nossa prioridade é correr atrás do tempo ou gozá-lo com as pessoas de quem gostamos. O livro tem uma visão muito pessimista do mundo moderno, porque me parece que, apesar de tudo, hoje nos esforçamos bastante (uns mais do que outros, é certo) para estar com a nossa família e os nossos filhos. É ter uma imagem muito poética da sociedade tradicional pensar que antigamente as crianças eram mais felizes e passavam muito tempo com as suas famílias, em longas conversas e brincadeiras. A verdade é que sempre houve crianças (e adultos) felizes e infelizes e que, culturalmente, aumentou muito o respeito e os cuidados que se têm com as crianças. Também é verdade que às vezes nos deixamos enrolar no ritmo da metrópole e que, se calhar, há pequenas coisas que podíamos fazer todos os dias para gastar melhor o nosso tempo. E não posso deixar de pensar nos binóculos feitos de rolos de papel higiénico que, finalmente, consegui fazer com a R. na sexta-feira passada, com os quais ela brincou imenso aos exploradores. Bendita meia-hora, valeu mais do que muitos dias chatos.

Sunday, February 25, 2007

90!

O meu avô faz hoje noventa anos. Havia muito para dizer, mas digo apenas "Obrigada".

Friday, February 23, 2007

Somos filhos da madrugada

Pois é, somos todos filhos de uma qualquer madrugada. Eu, que ainda nasci na noite escura do fascismo, prezo muito a madrugada que o 25 de Abril trouxe. E dessa madrugada faz, indubitavelmente, parte a música de Zeca Afonso. O "Grandola" é, para mim, símbolo de luta pela liberdade e da coragem que foi preciso ter para fazer o 24 e o 25 de Abril (porque a verdade é que hoje conhecemos o desfecho, mas os capitães não podiam ter a certeza de que tudo ia correr pelo melhor).

Percebo que Zeca Afonso seja amado por uns e menos amado por outros, precisamente pela associação tão forte à sua posição política e ao 25 de Abril. Mas isso só faz sentido para aqueles para quem essa data tem algum significado. E, dado que a maior parte dos jovens de hoje não parece sequer saber o que foi a ditadura e a revolução que acabou com ela, não há razão para gostarem ou desgostarem de Zeca Afonso por isso.

Sendo assim, sobra a obra musical, à qual, aparentemente, não se liga grande importância. Os músicos mais jovens actuais não consideram Zeca Afonso uma referência; para os mais antigos parece ser um passado já distante, algo que diz respeito a uma fase já passada das suas carreiras. E é injusto. É injusto porque a música tradicional portuguesa é diversa, rica e muitíssimo adaptável a novos contextos. É injusto porque Zeca Afonso, dizem os especialistas, inovou e abriu novas portas neste campo. E, depois, não deixa de ser curioso que quem se ouve por aí a cantar as suas músicas sejam precisamente os filhos daqueles que tiveram de fugir para o Brasil no pós 25 de Abril, que votam à direita (direitíssima...) e que cantam a "Maria Faia" lado a lado com o fado marialva. Ironias...

Wednesday, February 21, 2007

Oceanos de harmonia

Não, não é uma nova marca de música para meditar. É que hoje, toda a família foi ao Oceanário. Eu já adorava o Oceanário, um dos lugares mais bonitos e inteligentes de Lisboa (e esta? Lugares inteligentes, hei-de usar mais vezes...), mas quando vi a R. sentada do chão, a desenhar peixinhos e o A. a olhar, esbugalhado, para a enorme janela de água azul, enquanto bebia o biberão, rendi-me para sempre à harmonia e ao amor familiares adornados de azul.

Monday, February 12, 2007

Repete, repete, repete

A SIC Radical repete até à exaustão os episódios das primeiras séries do Gato Fedorento, de tal maneira que já nem consigo achar piada a alguns deles - ainda por cima, já editados, e vistos e revistos, em DVD. Mas enfim, compreende-se, é um canal por cabo e os episódios já têm uns tempos. Agora, alguém me explica porque é que a RTP já repetiu DUAS VEZES o Especial 2007 e nos brindou ontem à noite com o mesmo programa que já tínhamos visto antes e depois no Ano Novo? Terá sido porque o referendo de ontem também era uma repetição?

Thursday, February 8, 2007

A palmilha dupla

Há uns quinze anos, fiz com os meus pais, a minha irmã e a P. (o quinto elemento da nossa família, que sempre deu sentido ao facto de os carros serem para cinco pessoas) um fim de semana alargado na região de Monsanto. Passámos em Penha Garcia, onde havia uma feira. Ora eu, sempre friorenta, precisava de umas meias e resolvi aproveitar a ocasião. Encontrei o feirante que tinha o pretendido e que começou a mostrar-me a mercadoria, comparando qualidades e preços e terminando com um conselho: "Ó menina, leve estas, que são de palmilha dupla". Eu, claro, pensei que era uma manobra de marketing para me vender umas meias um pouco mais caras mas, num gesto simultaneamente magnânimo e radical, comprei dois pares. E não é que comprei as meias mais quentes e duradouras da história do vestuário português? A tal palmilha dupla revelou-se quentinha, confortável e resistente. E durante todos estes anos, não me cansei de chamar a atenção da família "Sabem o que eu trago hoje calçado? As meias de palmilha dupla da feira de Penha Garcia". Deitei hoje o segundo par fora e acho que vou ter saudades delas...