Thursday, May 3, 2007

Tradição é ou não o que era?

Hoje, no metro, assisti a uma conversa entre duas senhoras. Veio depois uma terceira, que as interpelou. E sobre quê? Sobre ter ou não ter um cordão de ouro. Já há muito tempo que não ouvia uma conversa destas e o que me surpreendeu foi o facto de as senhoras serem relativamente novas. Fiquei a saber que uma delas tinha um cordão de três voltas (suponho que devem ser os melhores), herdado da bisavó, mas que "Não se pode usar hoje em dia", por isso o levou para a Terra. Também parece que é hábito quem herda cordões mandar parti-los e dividir pelos filhos, fazendo fios para cada um deles. Mas o argumento mais importante era que, mesmo nunca usando um cordão de ouro, era bom e importante tê-lo.

Eu fiquei a pensar nestes vestígios da sociedade rural tradicional com os quais ainda vivemos e como, para muitas pessoas, estas são ainda coisas importantes (mesmo que o ouro já não seja algo que se pode vender com lucro, quando se precisa de dinheiro). E no peso que a tradição e as heranças familiares ainda têm entre nós. É engraçado como, em algumas coisas, ainda conta mais (para o bem e para o mal) o que a família nos lega do que aquilo que conseguimos por nós próprios. Isto está a mudar, é certo. Mas um cordão de ouro, será sempre um cordão de ouro. De três voltas, de preferência.

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