Friday, September 7, 2012

O estado (Novo?) dos manuais do séc. XXI

Os meus amigos aqui presentes sabem bem que eu sou pessoa de feitio conciliador, que normalmente não fico enraivecida com facilidade.

Desde que cheguei de férias que tento encarar com bom feitio e bom senso todas as más notícias que me vão chegando. E não têm sido poucas. Até agora, tenho conseguido levar a coisa com alguma calma.

Mas eis que me ponho a ver os manuais dos miúdos, que vão para o 1º e 4º ano. Ensino básico, portanto. Ora, eu defendo com unhas e dentes que é nestes anos que se aprende aquilo que de mais importante a escola nos pode dar: aprender a ler, a escrever, a contar, a pensar e a gostar de aprender. Sei que nem toda a gente concorda comigo, mas acho que consigo garantir que miúdo que se pense, que goste de saber mais e que consiga expressar claramente o que quer tem enormes vantagens para toda a vida. Já para não falar de momentos felizes de aprendizagem e - porque não? - de realização pessoal (já sei, já sei, há vida para além da escola, mas é também dela que estou a falar).

Voltando então ao tal ensino (do) básico, tenho achado, até agora, que os programas e manuais que a R. tem tido são adequados a tudo o que se disse anteriormente. Infelizmente, este ano não acontece o mesmo. Os manuais do A., que até têm palavras mágicas no nome, de mágico não têm nada. Chateia-me em especial o de português, mas são todos muito feios, cinzentões, em suma, nada apelativos para miúdos de 6 anos. É certo que os meninos do manual jã não se chamam todos manuéis e margaridas e passámos a ter yuris e lings. Mas a tentativa de ligação à realidade acaba aí.

Atenção que não estou a discutir o programa nem mesmo os conteúdos. Estou mesmo a falar da forma como eles são apresentados. Já se sabe que a escola é uma coisa muuuuito séria, que este ministro não é para brincadeiras, mas garanto-vos que a matemática se aprende melhor "a brincar"...

E havia necessidade de a autora do livro de português ter tantos textos da sua lavra? Não haverá literatura portuguesa que se possa adequar?

E, a cereja no topo do bolo, como é que miúdos que crescem a ver animadores e ilustradores maravilhosos (em filmes e livros cada vez melhores) podem criar algum tipo de empatia com ilustrações tão pobres? Já sei, a escola é uma coisa séria. Mas como é que lhes querem pedir que daqui a uns anos sejam inovadores e criativos (e produtivos e sei lá que mais) quando os estímulos são tão pobrezinhos? E porquê desinvestir agora, quando se faziam já coisas muito melhores? Em que pensam as editoras, com tantos, tão bons e tão premiados designers que nós temos?


Enfim, um nunca acabar de falta de bom senso (já para não falar do deitar para o lixo décadas de ensinamentos, de escola moderna, de bom trabalho). E o pior é que o mundo continua a girar e é só ver o que se passa, por exemplo, no mundo do e-learning para perceber que não é assim - de certeza - que se cria uma sociedade mais rica, mais culta, mais capaz.

Fica-me apenas um consolo. O de que as professoras da escola são maravilhosas, competentes, excelentes e tentaram escolher os manuais menos maus e que os vão completar com tudo aquilo que for possível, como já é hábito. Porque, caramba, o que fica é o que eles gostaram mesmo de aprender.




 

4 comments:

Billy said...

Com boas professoras, os manuais até podem ser maus. Antes assim que ao contrário! :)

Beijinhos e bom começo.

Billy said...

Quarto ano?! Primeiro ano?! Já!?

Anonymous said...

Pois é, Billy, mas olha que dá cá uns nervos. E, sim, estão tããããão crescidos :-).
fungaga

mariadocostume said...

Olá Fungaga,

Desculpa enviar-te aqui esta notificação relativa ao bookcrossing, mas tenho te enviado PM desde Abril, sem resposta, por causa deste bookring http://www.bookcrossing.com/journal/8023429

Aguardo confirmação de recepção da PM.

Salut,
mariadocostume