Friday, April 25, 2008

25 de Abril sempre!

Hoje a minha mãe, que está em arrumações, "devolveu-me" a minha caixa da correspondência, aquela onde eu guardei praticamente todas as cartas e postais que me escreveram até ter saído de casa dos meus pais. Passei um bom bocado a reler as cartas que a minha prima P. me escreveu durante toda a nossa adolescência, nos longínquos anos oitenta, cartas de amigos, ex-amigos, namorados, ex-namorados. Reli também as cartas que me enviavam quando estava no Erasmus, bem como algumas que eu escrevi à família nessa altura.

E tirei destes momentos algumas conclusões. A primeira é que nem que a troco do euromilhões eu queria ter de novo 17 anos... a segunda é que o país mudou tanto, mas tanto, que realmente deve ser muito difícil para quem nasceu depois dos anos setenta dar valor às tais conquistas de Abril, de que nos vamos esquecendo tanto.

Parece impossível mas, em 1994, escrevia eu cartas para casa em que me mostrava espantada com o facto de estar a conhecer pessoas que viviam numa cidade e iam passar um fim-de-semana a Helsínquia; ou a descrever um prato grego que era feito com "uma espécie de pepinos chamada courguettes". Ora, eu podia não ser a pessoa mais mundana e sofisticada de Lisboa, mas a verdade é que - nessa altura - viajar para o estrangeiro num fim-de-semana ou comer courguettes não era muito comum num Portugal que tem mudado muito, e cada vez mais rapidamente, nestes 34 anos. E, com alguns enfins, na generalidade, para melhor, diria eu...

Quando vejo hoje a abertura ao mundo que a maior parte dos jovens tem não posso deixar de pensar que, há escassas três décadas, uma mulher não podia sair do país sem autorização do marido e que vivíamos num território encolhido, parado - no espaço e no tempo. Por isso, e porque foi a 25 de Abril de 1974 que começou a única democracia que até hoje tivemos, 25 de Abril sempre!

Thursday, April 24, 2008

O vizinho do algeroz

Aqui no bairro, suponho que como em todos, há vários vizinhos que são mais do que vizinhos, são personagens. Uma das minhas personagens preferidas é o senhor que tem uma garagem aqui nas traseiras. A garagem - de auto-construção, como todas as outras - tem a particularidade de ter um algeroz, ainda mais particular que a dita garagem, pois não há dia nenhum que o vizinho (que já vai para lá dos oitenta) não suba a um escadote - daqueles de alumínio - para o arranjar, ou, talvez, para lhe dar "um jeitinho".

É um ritual a que já estamos habituados - "lá está o vizinho a arranjar o algeroz..." - mas hoje, vinha a chegar a casa e deparei-me com uma situação nova. Hoje, a minha personagem octogenária favorita estava em cima do escadote (até aqui nada de novo), mas de viseira e ferro de soldar, ligado a um gerador, a soldar qualquer detalhe do dito algeroz.

Só me ocorre dizer que há milhões de pessoas com menos atenção e carinho do que aquele algeroz de garagem clandestina, que guarda um carro que o dono já não guia.

Wednesday, April 23, 2008

Dia do livro e de São Jorge

Dia 23 de Abril, para além de ser o aniversário de dois primos, é o dia do livro e de São Jorge. É, portanto, um bom dia. De livros, sempre gostei, desde que me lembro de ser gente. E de São Jorge também - não só porque dá nome ao castelo da minha aldeia, mas também porque um santo que luta com um dragão e ainda por cima ganha torna crente o mais ateu dos leitores de livros de histórias de bruxas e dragões...

Tuesday, April 22, 2008

O que se seguirá agora?

Hoje fiquei verdadeiramente abismada quando o A. - do alto dos seus 18 meses - me pediu colo para ver o site do Panda. Assim mesmo: "Colo, colo. Panda!"

Thursday, April 17, 2008

Citações...

“Live as if you were to die tomorrow. Learn as if you were to live forever.”

Mahatma Gandhi

Wednesday, April 16, 2008

Para um leitor ler de/vagar

«Leitor: volto
para ti.
Um livro que vai morrer depressa.
Depressa antes. Que a onda venha, a onda
alague: A noite caída em cima de teus dedos.
(...)Eterno, o tempo. De uma onda maior que o nosso
tempo. O tempo leitor de um. Autor.
Ou um livro e um Deus com ondas de um mar
mais pacientes. -

Ondas do que um leitor devagar».

Herberto Helder, 1962

Monday, April 14, 2008

Pois é, já não se pode gostar mais de azul...

Um destes dias estava na fila da caixa do supermercado com a R., que me contava um episódio que tinha visto do Calimero. Entretanto, comecei a dizer-lhe que não gostava nada do Calimero, que estava sempre a fazer-se desgraçadinho e a queixar-se da vida e de ser pequeno. Diz ela, muito alto:
- Eu cá para mim tu não gostas do Calimero porque o patinho é preto!...