Aqui no bairro, suponho que como em todos, há vários vizinhos que são mais do que vizinhos, são personagens. Uma das minhas personagens preferidas é o senhor que tem uma garagem aqui nas traseiras. A garagem - de auto-construção, como todas as outras - tem a particularidade de ter um algeroz, ainda mais particular que a dita garagem, pois não há dia nenhum que o vizinho (que já vai para lá dos oitenta) não suba a um escadote - daqueles de alumínio - para o arranjar, ou, talvez, para lhe dar "um jeitinho".
É um ritual a que já estamos habituados - "lá está o vizinho a arranjar o algeroz..." - mas hoje, vinha a chegar a casa e deparei-me com uma situação nova. Hoje, a minha personagem octogenária favorita estava em cima do escadote (até aqui nada de novo), mas de viseira e ferro de soldar, ligado a um gerador, a soldar qualquer detalhe do dito algeroz.
Só me ocorre dizer que há milhões de pessoas com menos atenção e carinho do que aquele algeroz de garagem clandestina, que guarda um carro que o dono já não guia.
No comments:
Post a Comment