Thursday, July 8, 2010

Um dos pensamentos que me atormentam é mesmo este

Diz, numa entrevista ao Público, Alberto Manguel:

"Pensa que, para além de não haver muitos leitores, a leitura está a perder terreno neste momento?

O que está a perder terreno é a inteligência. Estamos a tornar-nos mais estúpidos porque vivemos numa sociedade na qual temos de ser consumidores para que essa sociedade sobreviva. E para ser consumidor, é preciso ser estúpido, porque uma pessoa inteligente nunca gastaria 300 euros num par de calças de ganga rasgadas. É preciso ser mesmo estúpido para isso.

Essa educação da estupidez faz-se desde muito cedo, desde o jardim de infância. É preciso um esforço muito grande para diluir a inteligência das crianças, mas estamos a fazê-lo muito bem. Estamos a conseguir destruir aos poucos os sistemas educativos, éticos e morais, o valor do acto intelectual."

2 comments:

Billy said...

Nossa. Ainda por cima, tem razão, o exemplo dado bateu na mouche.

Como dizia o Victor Papanek, uma possível resposta está em alugar (partilhar), não comprar. Mas como é que convencemos um comprador de calças de que pode herdar os jeans rasgados de um amigo?

Anonymous said...

Creio que não somos mais estúpidos por ter calças rasgadas de 300 euros. Temos que nos convencer que todos somos diferentes, todos achamos coisas diferentes dos mesmos assuntos. Eu por exemplo sou do Benfica, sou mais estúpido por ser do Benfica, e não ser do Porto? Teóricamente sim, pois o Porto nos últimos anos ganhou mais campeonatos que o Benfica. Não, creio que a questão está no consumo, mas sim no que fazemos com isso, pois se o senhor que compra calças de 300 euros, depois também vai conhecer o Mundo e preocupa-se por dar a oportunidade dos seus filhos terem uma boa educação, qual é o problema das calças de 300 euros? Nenhum.

Como é natural esta é a minha opinião, não quer dizer que a dele não esteja certa. Para mim creio que o importante é sabermos aceitar que os outros têm opções diferentes das nossas, sendo que essas opções não fazem das deles erradas e das nossas certas.

São precisamente opções.