Hoje estava a pensar no 25 de Abril e lembrei-me deste poema, que digo muitas vezes ao A. e à R. E pensei na liberdade de podermos ser cada um de nós e dizer sempre o que pensamos sem pressões de patrões, sem religiões, sem partidos - independentemente de podermos ser funcionários, religiosos ou filiados, se quisermos e pudermos. Pensei na liberdade de podermos ser verdadeiramente independentes. E acho que ainda não chegámos lá.
______________
Impressão Digital, António Gedeão
Os meus olhos são uns olhos.
E é com esses olhos uns
que eu vejo no mundo escolhos
onde outros, com outros olhos,
não vêem escolhos nenhuns.
Quem diz escolhos diz flores.
De tudo o mesmo se diz.
Onde uns vêem luto e dores
uns outros descobrem cores
do mais formoso matiz.
Nas ruas ou nas estradas
onde passa tanta gente,
uns vêem pedras pisadas,
mas outros gnomos e fadas
num halo resplandecente.
Inútil seguir vizinhos,
querer ser depois ou ser antes.
Cada um é seus caminhos.
Onde Sancho vê moinhos
D. Quixote vê gigantes.
Vê moinhos? São moinhos.
Vê gigantes? São gigantes.
No comments:
Post a Comment