Monday, January 19, 2015

Quem canta seus males espanta

Ser mãe é uma mistura explosiva de terror, amor, orgulho, ansiedade, cansaço e amor e mais amor. Mas, quase sempre, quando pensamos neles pensamos em nós (O que devo fazer? Como posso ajudar? Deixo ou não deixo?). No fundo, a nossa preocupação são os filhos, mas nunca descentramos do nosso eu de mães.

Mas, às vezes, eles trazem-nos surpresas maravilhosas, em que nos lembramos de que - e cada vez mais, à medida que crescem - eles são eles e não são apenas os nossos filhos.

É isso que sinto quando ouço a R. cantar. Sempre gostei de coros, de concertos de Natal e sem ser de Natal. E sinto-me privilegiada quando assisto aos concertos dos vários coros por onde ela passa. Como mãe, claro. Mas também como espetadora e há dias em que acho isso estranho :-).

Friday, January 16, 2015

Não podemos mudar o chip?

Há 20 anos, Bob Geldof cantava esta música no mítico Live Aid. Foi o maior sucesso da sua banda, os Boomtown Rats, e a letra baseou-se naquele dia em que uma adolescente americana acordou uma segunda-feira de manhã e massacrou a tiro os seus colegas da escola. Quando lhe perguntaram porquê, respondeu "I don't like mondays". A letra fala do momento em que o seu "chip" entrou em sobrecarga e das expectativas que o pai tinha para a sua doce menina. Bob Geldof cantou-a com a alma de quem estava a realizar um sonho - o de matar a fome às crianças da Etiópia através da música.

Lembrei-me várias vezes desta música nos recentes acontecimentos. O que sonhariam as mães dos assassinos e das vítimas dos acontecimentos das últimas semanas? Em que momento é que, ao contrário do que diz a música, passa a haver uma razão para morrer?

Hoje, uma amiga colocou um link para uma outra música, que adoro, de um dos meus cantores preferidos, o Billy Joel. Ainda por cima, com um dos meus atores de eleição a tocar harmónica! Fez-se uma estranha associação na minha cabeça entre as duas músicas. Porque não há nada pior que acharmos que não somos nada e que já nada vale a pena. 

Porque, como vemos todos os dias à nossa volta, o mundo não muda ao mesmo ritmo para todos nem de repente, mas muda. E está melhor e mais humano do que há cem anos atrás. E, no nosso cantinho, podemos lutar para mudar o bocadinho que nos coube em sorte. Porque, "não há justiça sem liberdade e vice-versa também é verdade", e vale a pena lutar por ambas.